Inovando o ensino médico

O Hospital Universitário foi implantado em um período decisivo do ensino médico no Brasil. Em 1974, a Comissão de Especialistas do Ensino Médico do Ministério da Educação publicou um documento no qual reconhecia as razões da existência e as características dos hospitais universitários mais modernos, sem deixar de lado a perspectiva de que uma formação médica completa incluía, também, a passagem por diferentes unidades do sistema de saúde, de modo que os estudantes participassem de atendimentos e prestação de cuidados em nível primário (atenção básica nos postos de saúde), secundário (atendimento especializado) e terciário (serviços de alta complexidade).
Paralelamente, a Associação Brasileira de Educação Médica recomendava a formação geral do médico em quatro áreas básicas – clínica, cirurgia, pediatria e ginecologia/obstetrícia – e a valorização dos aspectos preventivos, e não apenas curativos, do atendimento em saúde. Já na área assistencial, crescia o movimento pela regionalização e hierarquização dos serviços de saúde, de modo a tornar o sistema, como um todo, mais eficiente.

De uma maneira geral, podemos destacar, ainda, dois aspectos que vinham sendo considerados fundamentais para que a formação dos médicos brasileiros desse um salto de qualidade. O primeiro era uma formação voltada para as necessidades locais, isto é, para os problemas de saúde pública enfrentados pela população, mais do que a simples absorção de conhecimentos e tecnologias de ponta desenvolvidos em outros países. O segundo era que o médico deveria ter uma formação que não fosse restrita ao hospital, mas ampla e contextualizada, com foco na prevenção e promoção da saúde de forma articulada com equipes de nutrição, serviço social, fisioterapia etc.
O documento básico do HU, publicado em 1975, tem a influência de todas essas ideias. O novo hospital aspirava ser aberto à comunidade, integrando a rede local de atendimento, ao mesmo tempo em que constituía-se referência para atendimento a pacientes com doenças complexas e que, por isso, necessitavam de cuidados extras no diagnóstico e nas terapias.